Profissionais de
educação e escola pública:
assumir ou se eximir?
assumir ou se eximir?
Como educador, venho, assim como aqueles que
realmente têm ética pessoal e profissional, reiterar a luta que se trava contra
o desmanche do setor público no estado do Rio Grande do Sul. Desmanche este,
provocado por uma gestão diminuta e descomprometida com aquilo que é essencial:
com a educação, com a saúde, com a segurança, com o que é público e de direito
do povo. De todo o povo.Contra um conjunto significativo de partidos
políticos, encabeçado neste estado pelo PMDB, e que tem também maioria no
parlamento gaúcho. Que pregam o estado mínimo. Que querem transferir à iniciativa
privada a gestão estatal que é de sua responsabilidade. Querem privilegiar as
elites e fazer sucumbirem ainda mais os excluídos e marginalizados.Em específico, na educação, muito temos ouvido
nas escolas falar-se em apoio à luta, apoio às reivindicações, apoio à greve.
Apoio, podemos receber dos pais, dos alunos, da comunidade escolar, das outras
categorias. Mas de colegas professores apoio é vergonha. Talvez, vergonha de
ser educador. Colegas que, ao optarem em ser professor de escola pública, têm
obrigação de lutar e defender a educação pública e condições dignas de
gtrabalho.A luta, a greve, não precisa de apoio. Precisa
de engajamento. Precisa que cada profissional que trabalhe com a educação
pública se olhe no espelho e diga pra si mesmo: que professor/educador sou?
Qual o meu valor? Quando eu valho? Que direito eu tenho e mereço? Que espaço de
trabalho que quero, se sucateado e tratado com migalhas? É isso que se precisa!Na matemática da educação, apoio dentro da
escola não soma ou multiplica. Talvez, só subtraia e divida. Apoio só serve de
desculpas para covardes!Educação não é para fracos ou amadores. Educação
é um ato de coragem. De bater no peito e se orgulhar do que faz e, quando a
escola for minimizada, seja lá por quem for, deve pelejar por ela. Brigar pela
escola pública de qualidade é pelear por si, pelo respeito, pelo profissionalismo,
pela ética.Estar na educação é ser profissional, é
dialogar com colegas, alunos e comunidade sobre o sentido da escola pública,
saber e assumir do seu papel transformador. E fazê-lo de fato. Não entrar em
sala de aula e vencer conteúdos sem nexos ou sentidos. Encher alunos de exercícios
ou atividades que os ocupem todo o tempo e não nos incomodem com perguntas. Mas
é fazer o contrário. É lhes interrogar mais do que eles a nós. E propiciar
cabeças pensantes que questionem o tempo todo e que criem, a partir do ambiente
escolar, a busca incessante pelo sentido da vida, de compreender e tentar resolver
os problemas existentes, sempre pelo princípio da coletividade, com senso de
justiça. E
não delinear pela manutenção do status quo! É disso que se precisa! E muito. E urgente!Neste momento de luta nas escolas da rede
estadual gaúcha se houve quase que unissonamente: paro se todos pararem, se a
escola parar. Ou então: não posso parar pois tenho contas a pagar, porque marido/esposa
está desempregado(a), por ser minha única fonte de renda, por ter de pagar
financiamentos... Tudo isso é justificativa. Assim como quase todos, eu como professor,
também tenho todas essas justificativas. Como disse, são justificativas. Mas
são argumentos que se usa por não se ter coragem, por não ser profissional, por
se acovardar.Parabéns para TODOS QUE LUTARAM E AINDA LUTAM.
Méritos pelas pequenas, mais importantes, vitórias conseguidas. Faz-se
necessário reiterar que esta de 2016, em especial, não é uma luta por ganhos e
sim por não perder a miséria que temos. Não perder direitos históricos
galgados, passo a passo, por labutadores que nos antecederam e que enfrentaram
muitas e maiores adversidades, peleando sob a bandeira do CPERS. E fica a dica para os amadores que não se
envolveram nesta luta justa e necessária, de que repensem seu papel de educador
ou que arranjem desculpas mais consistentes da próxima vez.Segue nosso lema para alguns que precisam
lembrar ou conhecer. "Avante educadores de fé, unidos pela educação. Vamos
todos juntos de pé, neste momento, nesta Nação. Reivindicar verbas mais justas,
para o ensino e a categoria. Exigir nossos direitos, ensinar
democracia..."
Valdecir Schenkel- professor! (Escola Estadual
de Ensino Médio José de Anchieta – Panambi/RS)
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